sábado, 5 de junho de 2010

desde quando o mundo é mundo

e eu já nem lembrava mais. foi só sair por cinco minutos e voltar. se voltei? fica a pergunta, ou a dica, ou uma mentira menor. senti uma vontade grande de mexer com a terra do chão, de criar um mini relevo, que era pra separar tudo em dois. um septo de beliscões, o sul e o norte. eles dois, porque eu nunca alcanço.

domingo, 17 de janeiro de 2010

everybody run

(numa tarde correndo confortável)

_um roteiro simples e evidente de dezesseis perguntas que eu sempre repito, sabendo que nenhuma delas gera conversa, nem o que seja.
_no meio das contas são os mesmos dois corpos brigando entre si e com toda a gente que participa, e no fim das contas o que se percebe é que é muita pele pra pouco arrepio.
_naturalidade combina com água tônica e laranja.
_espaço, alento, brisa, janela.
_se é por ali? é pelos avessos. digo isso a toda gente.
_o problema é que ele vive uma vida muito desregrada. inda agorinha me disseram que dali a dezenove minutos ele ia procurar uma outra vista.

(e a vida corre macia)

sábado, 9 de janeiro de 2010

adivinha se é capaz

memorial: sobre o doutor adivinhão, a dança, o tombo de bicicleta no meio-fio, as gentes curiosas que sustentam a conversa e falam pelos olhos abertos, o trapiche enluarado, a serra que corre longe do mar, "a gente vai levando", as distâncias que iam mudando de acordo com o número de luzes acesas na avenida de areia, o rio de onde poderia vir um ônibus na contramão, a gal costa no vapor de dois dias, o fim do reality show, a solução de um mistério de quinze anos contados, a culminação da infância nos plenos vinte e três.

sabe, gente
é tanta coisa pra gente saber
(acho que no fundo é problema só da gente)


salve, memória. salve, delícia.

sábado, 19 de dezembro de 2009

maio

(nisso eu escuto no rádio...)

é uma conversa, são cumprimentos que não tem fim. se perdem na distância de tanto aceno, de tanta mão. e tem um mar, enorme, é o próprio desmotivo.

tem desenho na areia, tem dedo cortando vento. mas não tem contato, só tem mar.
e nada do que eu explicaria se vento, voz e dedo apontassem pra um mesmo lugar
grandes que são esssas coisas quando a pressão cai e tudo que é velocidade arrefece
e passa do rio pro mar por mim.

o mar por mim e a teima
e do mais, aquilo que eu não encontro
do menos, tudo que me atravessa
é sal de leite de pedra.


até quem sabe.

domingo, 22 de novembro de 2009

quiet evening, #45.

(faltou earl grey)

quinze minutos depois a luz ia ficar um pouco mais quente e eu nem sabia, mas tinha uma porção de coisas que ainda tinham que ser desenhadas, denovo. na hora que eu me sentei a parede abriu mais uma aresta, e tudo o que escorria - uns dez passos dalí - ia rendilhendinho lento. uma cor dum ambar esquisito, gasto, fugia evaporando e derretia os vidros das lâmpadas todas. e o curioso era que nada vazava e ainda mais por isso eu ficava ali, acompanhando a torrentinha. até cheguei a me sentar mais perto e a tentar conversar com o marulho, sobre a gravidade.

de vertido que fui, de nada me lembro
mas teve uma vez
o tempo fez força
daí me puxou numa linha
eu cortei tudo através
outra vez esparramei a dormir nas pedras

(tudo tem cor de earl grey)

e eu, desatento de tudo continuei andando sólido e de passo de pancada sêca.



domingo, 18 de outubro de 2009

n'm enorme quarto cheio d'água

(e eu nunca me afogava)


é duma água vermelha, espessa...daquelas ditas que parecem mel...rica, viscosa de tudo o que tinha no fundo. uma calda de gravetos, toda terra e açúcar. e vira um mar, mas ergue-se numa parede à cada onda que forma. é uma delimitação grave essa da forma, mas ao mesmo tempo era plácida, não urgia em nada. eu, é claro, sempre à calçar fundo os dedos dos pés na lama que subia pelas raízes por qualquer marulho que ouvisse. e nisso havia urgência.
e tinha também uma forma toda esquisita de se retomar, de se repetir. sem a mínima chance de se extrair dalí alguma lei - o diafragma, sempre ele, submete tudo à ofegância.
o quarto se esvazia da água, violenta. mas que não leva nem os tais dos doces dos gravetos. continua tudo lá, banhando de ar. até a próxima parede se levantar e insurgir contra quem estivesse na frente.
e ela volta, intempestiva. atinge o teto numa pancada seca, se manifesta pela última vez antes de fugir pela veneziana levando tudo o que lhe cabe na superfície.

(que ela volte um dia e me traga explicações)

domingo, 4 de outubro de 2009

gorjeio

quatro e vinte cinco da manhã
duas maritacas e um quarto - de quê?

behavior, behavior.

e eu só pensando numa forquilha
nuns galhos caindo
inssistem

behavior, behavior.

e no fim das contas era só um bem-te-vi sendo deturpado por uma sugestão inconsciente.


[o que passou, passou.
o mundo gira depressa,
e nessas voltas eu vou ]

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