domingo, 18 de outubro de 2009

n'm enorme quarto cheio d'água

(e eu nunca me afogava)


é duma água vermelha, espessa...daquelas ditas que parecem mel...rica, viscosa de tudo o que tinha no fundo. uma calda de gravetos, toda terra e açúcar. e vira um mar, mas ergue-se numa parede à cada onda que forma. é uma delimitação grave essa da forma, mas ao mesmo tempo era plácida, não urgia em nada. eu, é claro, sempre à calçar fundo os dedos dos pés na lama que subia pelas raízes por qualquer marulho que ouvisse. e nisso havia urgência.
e tinha também uma forma toda esquisita de se retomar, de se repetir. sem a mínima chance de se extrair dalí alguma lei - o diafragma, sempre ele, submete tudo à ofegância.
o quarto se esvazia da água, violenta. mas que não leva nem os tais dos doces dos gravetos. continua tudo lá, banhando de ar. até a próxima parede se levantar e insurgir contra quem estivesse na frente.
e ela volta, intempestiva. atinge o teto numa pancada seca, se manifesta pela última vez antes de fugir pela veneziana levando tudo o que lhe cabe na superfície.

(que ela volte um dia e me traga explicações)

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