ou que recomeça, ou que dá a entender qualquer coisa que o valha.
o que não entra a noventa graus dificilmente entra à cento e vinte. nem direção, nem velocidade.
os anos passam, eu tanto mais adimiro a covardia dos outros, daqueles.
é sempre meio de longe, mas com algum calor. é fato, reforço que é uma presença.
eu digo que é, alguém de pronto me desdiz, seguro. é evidente, não nos somos mais - contra-argumento. desmontamos, fazemos vez de distância. nós não. alguém.
sentido que não faz isso. sentido. nós não. alguém.
repito a mesma espera de antes, me rio. parece, eu sei, alguém nega, eu permaneço.
e confirmo, às três da madrugada, aquilo que era e que também permanece: uma vertigem no jogo de um.
estreiteza - penso eu -já me basta a minha, pois.
ainda meio tonto do que houvera, conto ao outro o acontecido e o acontecente. sempre uma versão magra, onde eu praguejo contra a covardia da narrativa e narro o sujeito. essa é a minha água, talvez fosse o meu sabão.
ele, quem seja, pouco entende dessas distorções. simplesmente meneia com a cabeça quando emito algum gesto inconscientemente pedindo por alguma aprovação. uma resposta salobra, acredito.
quem é, afinal de contas, a história a ser contada?
[éramos nós, estreitos nós
mas tú és laço frouxo
tire as mãos de mim
ponha as mãos em mim
e vê se o fogo dele guardado em mim
te incendeia um pouco.]
(A Cena Muda, Maria Bethânia, para não perder o costume)
abertura (dani)
Há 14 anos