das sete portas há que se escolher uma. é bem verdade que todas elas levam, no fim a um mesmo lugar. são caminhos diferentes, vastos como é onde se chega depois da caminhada. e o que se vê, num relance, não é senão uma sucessão de vidros baços por dentro. eu não recomendaria levar uma flanela, é coisa que se resolve na realidade com uma sincronia simples. lembra que do lado baço alguma coisa respira e, se há alguma coordenação nisso é provavel que se condensem. não é como uma senha, de certo é como uma condição. segue também as luzes que se acendem, uma a uma. é um gesto quase involuntário esse de alisar a parede procurando um interruptor, é das coisas que não se explicam. é como os farelos, quase. e porquanto pareça incessante o acender e apagar dessas células, mantenha a atenção. é um movimento que se acompanha de fora. natural que é, chega-se ao rio em algum momento. margens sedentas da gravidade que elas mesmas criam em torno de si. tanto não são inertes que, na inexistência de uma, a outra perde o seu sentido. se se multiplicam, não é mais que um requinte do desenho. é uma espécie de acordo íntimo, como o que existe entre as mãos.
no fundo do rio tem uma cidade onde as luzes fazem graça. é o que a ela garante os afagos que recebe. e se multiplicam quando refratam nesses baços. e vão se aquecendo à medida que alguém se atreve ingenuamente a provocar uma pane. os poros se multiplicam e todo o calor do mundo cabe ali, no meio das duas margens.
abertura (dani)
Há 14 anos